Curiosidade x Temor

by - março 26, 2018


Querido Moisés, não quero que você pense que esse texto é uma tentativa de manchar a sua memória. Eu não conseguiria manchar a sua reputação nem se eu quisesse. Não sei se você sabe, mas você é simplesmente um dos homens mais famosos e inesquecíveis da história da humanidade.

Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus.
Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, esta não era consumida pelo fogo.
"Que impressionante! ", pensou. "Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto. "
O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: "Moisés, Moisés! " "Eis-me aqui", respondeu ele.
Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa".
Disse ainda: "Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó". Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus.
Êxodo 3:1-6


Assim que viu o sobrenatural de Deus pela primeira vez, a curiosidade brotou no coração de Moisés e ele intentou chegar mais perto desse sobrenatural. A sarça que não se consumia era incrivelmente impressionante aos olhos do futuro libertador de Israel. O que era aquilo? Como exatamente aquele acontecimento poderia ser explicado? Onde estavam os magos do Egito? Afinal, eles eram os únicos que Moisés já tinha visto fazendo coisas do tipo.
Para a surpresa de Moisés, aquele prodígio não era obra de magos ou sacerdotes egípcios. Antes mesmo que ele tivesse a chance de se achegar ao fogo, uma voz poderosa lhe falou do meio da sarça. Ser curioso não era o suficiente para que a sua entrada naquele lugar fosse permitida. Estar completamente embasbacado e atônito com aquele sinal maravilhoso não era o único requisito necessário para se chegar perto do fogo. A voz, que mais tarde se revelou ser a voz de Deus, sabia exatamente quem Moisés era, mesmo que o homem não fosse capaz de reconhecê-la. De acordo com as recomendações da voz, Moisés só poderia se aproximar após retirar as sandálias dos pés e conhecer o tipo de terreno em que estava pisando.

Uma mudança violenta ocorreu no interior de Moisés naquele momento. Os olhos arregalados de curiosidade deram lugar a um olhar temeroso. Nas próximas linhas da história não encontramos mais um homem curioso e, sim, um homem temente ao Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.
Deus não queria que Moisés se aproximasse de qualquer maneira, empolgado com a visão sobrenatural, com o acontecimento incomum. Deus queria um Moisés disposto a conhecer Aquele que operava os sinais e prodígios. E só está disposto a passar por esse período de conhecimento quem teme e respeita a voz de Deus.
A missão que Deus tinha para Moisés era deveras importante demais. Para ser o Libertador de Israel, ele precisaria ser muito mais do que só um homem curioso e empolgado. Moisés precisaria entender que o certo não era Deus estar à disposição do povo e, sim, o povo estar à disposição de Deus. Só o temor verdadeiro produz esse tipo de pensamento. Só alguém que teve o caráter mudado é convidado a se aproximar do fogo.

Esse tipo de mudança produzida pelo conhecimento é exatamente o que nós, cristãos do século XIX, precisamos buscar. Não estamos mais em tempo de superficialidade com o sobrenatural de Deus. Observar o fogo me parece legal, mas, na realidade, tudo o que precisamos é ser participantes dele. Deus tem grandes projetos para nós. A Palavra nos diz que os caminhos e os pensamentos dele são mais altos que os nossos. Mas, alguns de nós ainda não conseguimos enxergar esses planos porque nossa visão está limitada pela falta de comprometimento com o Eu Sou. 

Só se aproxime se realmente souber onde está pisando.
Só entre se estiver disposto a lutar para nunca mais sair.
Não seja um curioso. Seja profundamente temente a Deus e observe o que ele está prestes a fazer no mundo.

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